Os legisladores da Costa Rica quiseram realçar a necessidade de regulamentar a IA, pelo que pediram ao ChatGPT que redigisse a proposta de lei de regulamentação da IA para eles.
Os legisladores pediram ao ChatGPT para "pensar como um advogado" e, em seguida, solicitaram-lhe que redigisse um projeto de lei que regulamentasse a IA e estivesse em conformidade com a Constituição do país. O resultado foi apresentado tal e qual à legislatura.
"Tivemos muitas reacções positivas e muitas pessoas que pensaram que era muito arriscado", disse a deputada Vanessa Castro, que liderou a apresentação do projeto de lei. Não foi explicado se o risco percebido estava na qualidade das leis que poderiam ser aprovadas ou na segurança do emprego dos legisladores.
O ChatGPT tinha algumas sugestões simples, como a criação de uma instituição governamental para regular os sistemas de IA regidos pelos 4 princípios da ética da IA. Alguns legisladores criticaram o projeto de lei, considerando-o uma lista de "coisas boas a ter" em vez de leis accionáveis.
O projeto de lei gerado pela IA sugeria: "Devemos regulamentar com base nos direitos fundamentais e nas convenções internacionais". Em defesa do ChatGPT, o resto do mundo também não consegue chegar a acordo sobre quais devem ser esses direitos e convenções e como os garantir.
O projeto de lei demonstrou o potencial contributo que a IA pode dar ao processo legislativo. Mas também sublinhou a importância das discussões humanas para garantir que as questões sociais não são sacrificadas pela eficiência e pela lógica fria das máquinas.
A regulamentação da IA na América Latina avança lentamente
A Costa Rica é o oitavo país da América Latina a aprovar ou discutir leis relacionadas com a regulamentação da IA no último ano. À medida que a tecnologia abraça a IA, os legisladores estão a correr para acompanhar as questões éticas que as novas tecnologias estão a criar.
Os legisladores brasileiros têm vindo a discutir potenciais leis sobre a IA nos últimos 4 anos. Em maio, o presidente do Senado brasileiro, Rodrigo Pacheco, apresentou finalmente um projeto de lei que define a forma como a IA deve ser regulamentada para proteger os cidadãos brasileiros.
Os principais aspectos do projeto de lei centram-se em garantir que as questões relacionadas com as desigualdades e o racismo não sejam reforçadas com a introdução da IA. Estes desafios não foram resolvidos no Brasil antes da IA, pelo que os riscos potenciais associados às pontuações de crédito social, ao acesso ao financiamento e à vigilância pública que são exacerbados pela IA são reais.
O projeto de lei baseia-se em debates de painel que tiveram início em 2021, com alguns especialistas a afirmarem que os desenvolvimentos desde então fez a fatura com data antes de ser transposta para a lei.
Para que os legisladores acompanhem o ritmo da tecnologia de IA, poderão ter de recorrer mais frequentemente ao ChatGPT e não apenas por uma questão de novidade.